Tiros se escutavam, muitos gritos, muita dor.
Em meio a tudo isso uma das poucas mulheres que sabiam atirar, prendia seu longo vestido sujo de terra seca no meio das pernas para ficar mais fácil se movimentar sem se manear em meio a tanto tecido.
Era tão tarde que nada mais valia a pena se não lutar para proteger sabe se lá quem que ainda estava vivo dentro de casa. Janelas trancadas e a escuridão predominando, a única maneira de saber o que estava acontecendo na rua era olhar cuidadosamente pelas grandes frestas na porta da casa...
Um silêncio toma conta, mas ela sabe que tem gente vigiando lá da rua seus movimentos ali dentro.
Então resolve atirar no primeiro vulto que aparece na rua escura. A rua ilumina bem na hora em que ela atira e assim sem esperar, também é vista pelos inimigos. Ela atira e tenta correr para trás da grande mesa de madeira antiga e cheia de cupim que esta bem no centro da casa, mas não há tempo.
Eles abrem a porta com chutes e ombradas fortes enquanto outros já atiram de longe na nossa corajosa mulher.
Ela sente tudo, sente entrar cada bala em seu corpo,sente cada centímetro de pele e músculo se rasgando, sente seus órgãos sendo perfurados um à um e enquanto cai, pensa: "Isso é um sonho, mas como eu posso estar sentindo tudo isso como se fosse de verdade?" Fica confusa e assustada enquanto cai no meio do chão de terra batida, sente as balas cada vez mais fundas e seu coração cada vez mais lento. Tudo vai sumindo vagarosamente, sem forças para lutar ela vai morrendo...
E então:
ACORDA ASSUSTADA!
Coloca a mão no peito e vê que tudo não passava de um sonho mesmo, mas ainda sente cada bala, cada ferida de guerra... como se tudo fosse real, talvez uma lembrança de outra vida!
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